Oxegen: NUNCA MAIS
Ninguém me disse que ia ser fácil, mas eu não imagine que seria humilhante... Talvez essa seja a minha maior postagem... Queria conseguir descrever tudo o que senti nesses dias... Hoje eu sei o que meus amigos disseram quando eu falei que ia pra Oxegen": -É pra louco..
Cheguei no Parque na quarta-feira a noite, nos separamos nos alojamentos, isto é, nas cocheiras, conheci o pessoal que foi comigo, ficamos jogando carta e papeando até tarde... O trabalho começou mesmo na quinta a tarde... De boa... Meu grupo ficou responsável pelos banheiros do camping, nos dividimos em duplas e assim permaneceu até domingo... Sem problemas, meu trabalho era tranquilo, mas fedorento... Trabalhava doze horas por dia e depois a gente estava liberado para curtir os shows e descansar... As refeições eram ótimas, eu até recebia uma comidinha toda especial vegetariana e os banhos eram muitos bons também.
Os shows foram fantástico David Guetta bem pertinho, Black Eyed Pias, e a multidão pulando com EMINEN... Mágico... Qualidade de iluminação, efeitos, estrutura... Inesquecível...
Domingo a noite foram os últimos shows... Acabouuuu.
Segunda-feira o bicho pegou... Começamos a limpar o camping. Eram três campos gigantes e o mais engraçado, juro, estou até agora sem entender, eles foram embora e deixaram tudo: barracas, saco de dormir, tênis, roupas... Pra quem olhava de fora, o evento continuava tudo igual. Tudo bem, as coisas aqui são baratas, mas pra deixar assim, que desapego é esse...
Primeiro passava um trator retirando o grosso, depois entrava o povo... Não posso nem lembrar... A gente fazia uma linha na ponta do camping e atravessava o campo naquela linha pegando todo o lixo, inclusive toco de cigarro e todos os lixos pequenos... Os supervisores vinham a traz gritando: - C'mon guys!!! Pick up the garbage!!!
Vocês sabem como é brasileiro... A gente ficava cantando e brincando o tempo todo... E assim se passaram as doze horas de segunda... A noite realmente, ninguém caminhava, doía tudo... E os brazukas continuavam lá cantando e brincando...
Terça -feira estava indo tudo bem. Os supervisores até estavam pegando mais leve... Nem gritavam muito e tentavam falar as palavras básicas em português: - Vamos pessoal!!! Pick up cigarros and lixo pequeno... Mas pra nossa infelicidade começou a chover 12:15... Baixei a cabeça e pensei duas vezes... Força garota, a chuva já vai passar... Só falta mais cinco horas de trabalho... Hora do break. Não podemos voltar para o alojamento, eu tremia de frio e tivemos que almoçar em pé em baixo de uma tenda, foi horrível. Naquele momento eu percebi que tinha chego no meu limite.
Eu tinha feito essa promessa pra mim antes de sair do Brasil, trabalhar em tudo que me desse prazer e alegria, sem preconceito...
Fiquei alguns instantes ainda pensando em não desistir... As pessoas que me conhecem sabem, o quanto cabeça dura eu sou, mas nem é uma questão de desistir, estava no limite da humilhação. Graças a Deus eu não preciso trabalhar a baixo de chuva... E muito menos com alguém gritando a traz de mim... CHEGA, VOU EMBORA... Junto comigo saíram mais 17 pessoas...
Quando entreguei o crachá e disse : - so, sorry... virei as costas e desabei... Pra variar cai no choro, estava aliviada e ia pra casa...
Experiência única. Com certeza aprendi muito, principalmente a respeitar meus limites... Até entendo que a função dos supervisores é motivar e controlar que o serviço seja bem feito... Mas pra tudo tem limite, nos somos pessoas e a grande maioria que estava trabalhando comigo tem terceiro grau completo, concursado e tudo mais. Ninguém ali era um zé ninguém... Mas valeu, mais uma experiência para o meu curriculun de Dublin...
EU SOU BRASILEIRA E NÃO DESISTO NUNCA!!!
Obs: em breve coloco as fotinhos...